"A eficácia do ser humano com o ambiente depende de suas próprias capacidades e de como estão projetados os ambientes e objetos que o rodeiam." (Silvana Cambiachi)



19 de mar. de 2011

Estudo de Caso 1 AMA de Jaraguá do Sul

11.7  REFERENCIAL ARQUITETÔNICO

1.7.1  A.M.A.  (Associação do Amigos do Autista)

A Associação de Amigos do Autista – A.M.A. é uma entidade não governamental, que oferece atendimento especializado a crianças, adolescentes e adultos com Transtorno Global do Desenvolvimento (Transtorno Autista, Transtorno de Asperger, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância e Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação (TID SOE)), através de programas:

a)           CA: Centro de Avaliação;

b)           CAE: Centro de Atendimento Educacional;

c)            CAF CAACO: Centro de Acompanhamento e Atendimento Clínico-Pedagógico;

d)           CEN: Centro de Estimulação Neurosenssorial.

e)           : Centro de Atendimento a Família;

1.7. 1.1  História da AMA

No Brasil a história da AMA começa em 1983 Quando  Dr. Raymond Rosenberg tinha alguns clientes que viviam um momento de angústia: eles tinham filhos de 3 anos, em média, que há pouco tinham sido diagnosticados como autistas. Essa era toda a informação que esses pais tinham: o nome da síndrome. Não havia qualquer pesquisa ou tratamento na cidade, no estado ou no país que pudesse ser utilizado para ajudar aquelas crianças. Os atendimentos para crianças excepcionais não eram adequados e nem mesmo aceitavam pessoas com autismo.  

Foi então que esses pais decidiram se reunir para, juntos, construir um futuro que amparasse seus filhos, e proporcionasse a eles maior independência e produtividade. Fundaram a AMA - Associação de Amigos do Autista .

Em Jaraguá do Sul, a AMA nasceu em 1991, a partir da necessidade de três famílias que tinham filhos portadores do autismo.

Nos primeiros anos a AMA funcionou em uma sala no Parque Municipal de Eventos e o atendimento era realizado apenas uma hora por dia, mudando-se mais tarde para uma casa localizada no centro da cidade,e lá funcionou durante sete anos. O número de pessoas a serem atendidas foi aumentando e assim,  a casa também já não satisfazia as necessidades da escola em espaço físico.

A partir de 2007 a AMA está desenvolvendo suas atividades em um prédio próprio de situado no bairro Vila Lalau.Hoje, conforme informação da diretora geral da AMA: Tânia, a instituição  atende quarenta e dois autistas.

O grande desafio da AMA de Jaraguá do Sul bem como de toda a sociedade brasileira é o da INCLUSÃO SOCIAL.

 

1.7.1.2 Localização atual

A AMA  de Jaraguá do Sul está localizada à rua Gustavo Friedemann, 134 Vila Lalau. O prédio conta com 720m2 e capacidade para atender cinqüenta  alunos.





Figura 1:Imagem Satélite do Local
Fonte: Google Earth,2011

1.7.1.3 Assecibilidade

Figura 02: Imagem do Satélite Local
Fonte: Google Earth,com adaptações da autora,2011


A figura  02, indica as distâncias entre os bairros até a sede da AMA. De acordo com informações obtidas com a diretora Tânia, cerca de 90% dos autistas, usam transporte escolar coletivo para chegar até a instituição. Em média o tempo despedido ao trajeto, varia entre 20 à 60 minutos, dependendo do bairro. São utilizadas, normalmente dois a três veículos, e como a distância varia muito, algumas pessoas levam bem mais tempo para chegar ao destino.


1.7.1.4 Trajetos mais utilizados pelos usuários:

 





  A figura 03, ilustra as distâncias que os usuários da AMA tem que percorrer para deslocar-se até o terminal urbano, hospitais, e para chegar até praças para desenvolver atividades de recreação.
São freqüentes os casos, em que os autistas necessitam de suporte médico, principalmente pelo motivo de que vários sofrem de convulsões. Segundo Henrique,(2005) um terço dos autistas sofrem de crises convulsivas.



1.7.1.5 Análise do entorno




FontoogleEarth,com adaptações da autora,2011

 

A partir da análise acima ilustrada pela figura 04, percebe-se, que a implantação da instituição, encontra-se em um local onde a predominância é industrial, o comércio também é de bastante relevância. Este contexto, de acordo com as bibliografias anteriormente citadas, traz muitos prejuízos ao desenvolvimento das atividades, efetuadas com os autistas, pois são pessoas muito sensíveis aos ruídos. Sendo este acentuado ainda mais pela presença do trem.
Como a  implantação acontece em área industrial, torna-e pouco favorável para a integração dos usuários com a sociedade de modo geral.















A circulação interna horizontal é ampla e bem distribuída, percebe-se porém a falta de estrutura de apoio para que os portadores de deficiência tenham independência.(Figura 06)
De acordo com PRADO Apud GUIMARÃES (1999) um ambiente com acessibilidade atende, diferentemente, uma variedade de necessidades dos usuários, tornando as pessoas mais independentes e autônomas.


Figura 06
Fonte: acervo pessoal,Jaraguá do Sul,2011


Ha pouca de circulação de ar nos Ambientes, por se tratar de uma edificação junto a divisa pelos fundos, e na lateral direita, conseqüentemente não possui aberturas nestas faces. Na lateral esquerda possui também um muro com altura aproximada de dois metros e 50 centímetros (Figura 07), o que dificulta ainda mais a circulação do ar e também a entrada da iluminação natural.



Figura 07
Fonte: acervo pessoal,Jaraguá do Sul,2011

A ausência de um espaço coberto, exclusivo para o embarque e desembarque dos usuários, dificulta bastante o acesso, pois este, como ilustram as figuras 05 e 08, funciona em meio a circulação e ao estacionamento. Especialmente em dias chuvosos, Causa desordem e conseqüentemente desorganizando o raciocínio do autista.


Figura 08
Fonte: acervo pessoal,Jaraguá do Sul,2011

O estacionamento (Figura 09) é insuficiente, principalmente nos dias de trabalho voluntário, (dois dias por semana), por não se poder estacionar na rua pois sempre ha muitos caminhões pelo local, quando os carros com os alunos chegam ou saem precisam fazer muitas manobras em meio aos veículos. Em dias de chuva o problema se agrava, e as distâncias dos veículos escolares ficam ainda maiores para os usuários.
Propor um espaço adequado para o embarque e desembarque dos alunos, será um dos elementos mais importantes deste projeto. Pois se ao desembarcarem de seu transporte, os autistas encontrarem um lugar organizado e previsível, com certeza entraram no espaço educacional mais estruturados emocionalmente  e terão assim maior facilidade para absorver aos estímulos que lhes forem oferecidos.




Na área externa, como ilustra a figura 10 encontra-se um pátio muito agradável, onde ha a presença de vegetação, que apesar de ser em pouca quantidade, é de boa qualidade, tem aconchego, produz sombra o suficiente para manter o ambiente fresco e agradável, tem também uma mini horta, onde são plantadas ervas com cheiros que harmonizam o local e também servem para terapias com os alunos. Neste espaço encontra-se ainda uma piscina que é utilizada para atividades, esta porém tem problemas com acessibilidade, pois possui um desnível de aproximadamente 50 centímetros  (Figura 11).
Este é um local que o novo projeto deverá se inspirar para propor um espaço semelhante de aconchego e natureza, que possa proporcionar ainda mais atividades de terapias ocupacionais, unindo o útil (terapias) ao agradável (recreação). Tendo como foco sempre a acessibilidade e a autonomia dos usuários, pois de acordo com  PRADO apud FERRACINI, M Freitas (2002) os ambientes devem ser encorajadores da independência para proporcionar uma boa qualidade de vida para todos os indivíduos.





Figura 11
Fonte: acervo pessoal,Jaraguá do Sul,2011


7.1.1.7 Análise da planta baixa pav. Superior

 

 

Figura 12: Planta Baixa Pav. Superior
Fonte: arquivos da AMA de Jaraguá do Sul com adaptações do autor,2011


A circulação vertical é provida de um espaço para elevador conforme mostra a figura 12, mas que infelizmente por falta de poder aquisitivo o mesmo é inexistente. Este fato é o ponto mais crítico da instituição, pois é um  local onde muitos dos usuários tem dificuldades de locomoção (Figura13) e, para que os alunos possam acessar o pavimento superior, são obrigados a subir escadas, o que torna o local desencorajador especialmente para as pessoas que necessitam de cadeiras de rodas, muletas, etc. Que precisam ser carregadas pelos professores.
Para Tuan (1983), "o tempo está implícito em todos os lugares, nas idéias de movimento, esforço, liberdade, objetivo e acessibilidade"(1983: 96). Muitos dos problemas para se locomover de um lugar a outro podem representar tanto um desafio a ser superado, quanto um cansaço desencorajador.
A partir deste conceito encorajador do usuário, parte-se para a premissa de que no projeto seja adotado um partido de horizontalidade.Como diz PRADO apud GUIMARÃES (1999) para alcançar a acessibilidade, devemos considerar elementos importantes como a provisão de alternativas, para o uso pleno do ambiente construído.Sendo assim com um espaço totalmente horizontal haverá menor necessidades de adaptação ou desenho especializado, o que segundo PRADO Apud (WRIGHT, 2001:5) torna o desenho universal.




Nota-se também que a estrutura docente da instituição necessita de bastante espaço, e como o pré-dimensionamento da mesma provavelmente não previu o aumento expressivo de usuários, as salas de atividades ficaram insuficientes. O auditório também  teve seu tamanho reduzido pela metade, pois conforme mostra a figura 12, o mesmo  foi dividido ao meio para ser adaptada  duas salas de atividades.
 A organização espacial auxilia na aprendizagem dos autistas, pois de acordo com Leon (2002), uma estrutura física bem delimitada, com espaços para cada função, atividades com seqüências para que as crianças saibam o que se espera delas, formam um conjunto de apoio ao seu desenvolvimento.


7.1.1.8 Considerações Finais


No contexto em que  a instituição atual foi projetada, provavelmente não havia estudos que mostrassem o crescente aumento no número de pessoas portadoras da síndrome do autismo, por tanto o edifício foi projetado para atender no máximo 30 alunos, porém este número aumentou cerca de 50% além do esperado, hoje a instituição atende quarenta e duas pessoas. E segundo as pesquisas junto ao IBGE de Jaraguá do sul (tabela 1) este número em dez anos irá duplicar.
 Mediante as análises efetuadas, comprova-se a urgência da necessidade de um novo espaço para a AMA de Jaraguá do Sul.



                             Tabela 01-Fonte IBGE  e AMA de Jaraguá do Sul

 

 

1.7.1.3 Assecibilidade

Um comentário:

  1. Bom dia Cristina, como vai?
    achei seu blog e me interessei muito. Estou no último ano de AU e também estou elaborando um projeto de Centro de Apoio ao Autista.
    Gostaria de saber se vc poderia me axuliar em algumas coisas.
    Aguardo contato!!
    meu email é aninha.shikama@hotmail.com

    desde já fico grata!
    Abraços.

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